quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Espectador

 
 
 
Outra noite aos prantos eu te escuto por entre as paredes
Chorando e umedecendo o ambiente
Tentando explicar pro seu coração mas ele não entende
E até sua mão começa a vacilar na hora de escrever
Aquela carta de amor
Aquela carta de despedida.
Foi uma vida vazia eu sei
Porquê eu presenciei tudo da janela.
Porquê eu presenciei tudo da janela e não te ajudei?
Sou culpado eu sei
Sou colaborador da sua ruína
Me deixe te ajudar a terminar
A terminar sua carta de despedida
Sua carta de confissão
Sua carta selada por segredos e lágrimas que não pude secar
Sabia que via formas no escuro a te observar...
Sabia que eu também te notava?
Te procurava mesmo sem saber que te queria
Mas em um belo dia você sumiu
Perguntei aos vizinhos mas ninguém te viu
Ninguém nunca te via
Nunca te notaram
Mas eu sim
Seu sorriso escondido era de alguma forma a melhor parte de mim
Mas agora se foi como o sol se pôs
Mas agora se foi como o só lá si foi
Me ajude a entender sua carta de despedida
Me ajude a entender como me despir da minha agonia
Queria ter estado lá você sabe
No momento que os cortes fizeram sentido
No momento que não havia mais o que sentir
Queria ter sorrido pra alegrar seu dia
E quem sabe o final virasse um daqueles de fantasia em que viveríamos felizes até o fim?
Ai de mim
Não sei colocar um fim a sua carta
Não sei que fim devo tomar
A janela do 3 andar me chama
Devo correr pra chama não se apagar?
Devo viver por nos dois ou devo me redimir contigo?
Te reencontrar e seguirmos juntos o mesmo caminho ?
Sinto muito mas não sei o que sinto...